Em sua estreia como colunista da CRESCER, a atriz e cantora conta como foi entrar em contato, pela primeira vez, com a maternidade e o que ser mãe significa para ela
Se você parou um minutinho para ler esse site e o que eu tenho para te contar, é porque muito provavelmente você se preocupa com seu filho, quer o melhor para ele e também se preocupa em dar o seu melhor nessa missão, que é a maternidade.
Essa é uma questão de muita importância para nós, visto que não existe escola para maternar. Um dos maiores desafios dessa vida se aprende na prática.
Vou me apresentar para vocês. Meu nome é Aline Wirley, tenho 38 anos, quase 39, quase 40 (desculpe, sinto um leve pânico quando penso nisso)... Tenho um filho de 5 anos. E nesse momento, estou pensando no segundo (Meu Deus, que loucura começar tudo de novo). Sou cantora, comunicadora, empresária, MÃE e agora faço parte da família CRESCER.
De todos esses ofícios, tenho que confessar que o menos provável para mim é, sem dúvida, a maternidade. Canto desde que me conheço por gente e, naturalmente, a comunicação e tudo que envolve arte sempre foram coisas orgânicas para mim. Em contrapartida, sou uma mulher desastrada, sem habilidades manuais. Não sei cozinhar, sempre esqueço onde está meu celular e nunca gostei de brincar de casinha. Quando descobri que estava grávida, entre tantos medos que senti, um dos meus maiores questionamentos era o de como eu me sairia como mãe.
O romantismo em torno da imagem materna, de certo modo, me assustava. Existia em mim uma grande pressão sobre o que eu precisaria me tornar para receber essa nova vida, que dependeria de mim. Li alguns livros, fiz cursos e procurei todo tipo de informação que pudesse me ajudar nesse momento.
Antônio chegou no dia 26 de setembro de 2014 e, a partir daí, minha vida virou de cabeça para baixo. Depois de 24 horas em um trabalho de parto exaustivo, Antônio foi entregue nos meus braços e, com ele, toda a responsabilidade que vem com a chegada de um filho. Tenho que confessar que, talvez, naquele momento, eu só quisesse dormir um sono profundo para conseguir me recuperar e descansar. Mas não é assim que a maternidade real funciona. Foi ali que eu compreendi que o meu mundo teria um novo propósito. Não sabia como seria, mas a realidade rapidamente bate a nossa porta. O puerpério é uma loucura sem fim. Lá estava eu, tentando me reconhecer, aprendendo a lidar com meu novo corpo e me sentindo culpada por só querer dormir por alguns minutos sem preocupação; era uma montanha russa de emoções.
O leite vai descer? Tomara que sim. Me ajuda, meu Deus, quero amamentar meu filho.Insegurança. O leite veio! O peito inchou, conheci a mastite. Cansaço extremo. Só queria dormir um pouquinho.
Tenho certeza de que o que estou compartilhando aqui não é nenhuma novidade para você, que tem filho. Talvez as experiências não sejam as mesmas, mas todas elas são intensas, viscerais, exigentes e muito transformadoras.
De repente, eu era mãe e, instintivamente, o senso de cuidado e proteção que brotou em mim fazia com que eu tivesse forças, não sei de onde, para estar sempre pronta para fazer tudo que ele precisasse. Continuo sendo estabanada, desastrada e confusa. Tive medo de derrubá-lo e, algumas vezes, saí de casa e esqueci a bolsa do bebê. Ainda não sei cozinhar e, às vezes, me sinto culpada por inúmeras falhas. Cheguei a me comparar com outras mães, que parecem ter, em sua essência, o dom de maternar. E sofri.
No entanto, olho para o meu filho hoje e consigo reconhecer todo o esforço que dediquei a ele, independentemente do que se espera que uma mãe seja. Somos mulheres, somos diferentes, nossos filhos são diferentes - e essa é a grande magia. Não existe verdade absoluta quando o tema é maternidade, a maneira como devemos criar nossos filhos. Cada uma de nós sabe, exatamente, onde o calo aperta.
Por isso, desejo que a nossa conexão por meio deste espaço de troca seja na intenção de nos fortalecer como mulheres e mães, para que possamos nos apoiar nessa incrível e agridoce jornada que é a maternidade.
Com todo amor, carinho e respeito Por todas as mães do mundo.